Pintura, História, Materiais e Técnicas de Pintura

Pintura, História, Materiais e Técnicas de Pintura

#Pintura, História, Materiais e Técnicas de Pintura

Pintura é a forma de expressão artística que consiste em representar elementos tomados à realidade ou à imaginação sobre um suporte plano, por meio de pigmentos ou outros recursos cromáticos. A concepção teórica de pintura varia conforme a época e as circunstâncias, ou seja, de acordo com as técnicas disponíveis e os padrões estéticos dominantes. Além desse plano histórico e sociocultural, varia também de artista para artista, na forma de reunir alguns elementos básicos - linha, cor, luz, perspectiva e composição - para construir o espaço pictórico, em obediência ao estilo pessoal de cada pintor e a opções teóricas e técnicas.

Cada época conheceu estilos e gêneros pictóricos que lhe foram característicos, na maioria das vezes figurativos. No entanto, as diversas vanguardas do século XX frequentemente renunciaram aos elementos tradicionais da pintura, sobretudo a perspectiva e o figurativismo.

Tradicionalmente, a pintura se divide em dois grandes campos: pintura mural, subordinada aos propósitos da arquitetura, e pintura de cavalete.  Esta última compreende, em princípio, oito categorias ou classes distintas, em razão dos gêneros representados: (1) retábulos e cenas religiosas; (2) mitos, lendas, tradições poéticas e cenas históricas; (3) pintura de gênero, ou representação de cenas do cotidiano, costumes, festas, folguedos populares etc.; (4) paisagens e representação de animais ao ar livre; (5) arquitetura e vistas de cidades e interiores de edifícios; (6) naturezas-mortas, ou reunião mais ou menos aleatória e espontânea de objetos sobre uma superfície; (7) retratos, categoria em que se inclui o nu; e (8) caricaturas.

Materiais e técnicas de pintura - As técnicas de pintura desenvolvidas em cada período histórico dependem do desenvolvimento de cada povo e dos materiais disponíveis. De maneira geral, os três materiais básicos são um pó colorido ou pigmento, um adesivo líquido e um suporte. O pigmento pode ser mineral, animal, vegetal ou sintético; o fluido, ou adesivo, pode ser água ou óleo, quando não mistura de ambos; e o suporte pode ser tecido, papel, papiro, couro, madeira, papelão, pedra, metal, vidro e parede.

Segundo o efeito que deseja alcançar, o pintor pode usar diversos utensílios para distribuir o pigmento: pincel, espátula, paleta, faca etc. As técnicas não identificam apenas períodos históricos; relacionam-se com a própria evolução da arte, já que se aperfeiçoaram com o tempo e com as experiências dos grandes mestres. As mais empregadas são as seguintes:

Secco - Antiga técnica de pintura mural já conhecida no Egito, a pintura a secco consiste em aplicar caseína, têmpera ou cola aglutinante colorida sobre o reboco seco. As cores, opacas, aderem ao suporte como uma finíssima película. Tem afinidades com o afresco, mas é mais fácil de dominar. A camada de pintura, no entanto, pode ser danificada por mudanças súbitas de temperatura, que provocam descascamento e destruição de trechos da superfície.

Afresco - Pintura feita sobre o reboco ainda fresco, o afresco dispensa aglutinantes, ao contrário do processo a seco. É técnica dificílima, pois o artista só pode trabalhar enquanto o reboco não seca, de sorte que o trabalho não pode ser retocado.  Aperfeiçoado na Itália do século XIV, o afresco tem seu melhor exemplo nos murais executados por Michelangelo no teto da capela Sistina, no Vaticano.

Mosaico - A técnica do mosaico consiste em encastoar pedrinhas coloridas num campo úmido de argamassa, de modo a formarem desenhos geométricos, representações humanas ou paisagens. Essa arte já era praticada na Babilônia, inicialmente apenas no revestimento de pisos. A partir do século IV da era cristã, porém, o mosaico começou a ser também usado em paredes, abóbadas, absides e tetos.

Vitral - Possivelmente surgida no Oriente Médio, no século IX, a técnica do vitral chegou à Itália no século seguinte e consiste na justaposição de diversas porções de vidro colorido e transparente, de formas e dimensões variadas, unidas entre si por nervuras metálicas, para formar figuras ou composições decorativas.

Silicato de etila - O silicato de etila tornou possível a pintura de murais externos sobre concreto, pois adere de modo permanente a esse material e resiste às mais rigorosas condições climáticas.

Encáustica - A descoberta em 1845 de uma caixa de pintura a encáustica no túmulo de um pintor na cidade francesa de Saint Médard-des-Prés possibilitou a reconstituição dessa antiga técnica. Aperfeiçoado por Praxíteles e descrito em minúcias por Plínio o Velho, Teofrasto e Dioscórides, o processo foi largamente empregado durante toda a antiguidade clássica e consiste na utilização de pigmentos mesclados a cera de abelha refinada, com ou sem aplicação de óleos, resinas ou outros materiais aglutinantes. As tintas são aplicadas e manipuladas com a ajuda de uma fonte de calor. Os mais antigos exemplos conhecidos são os célebres retratos das múmias de Fayum, a que alguns especialistas atribuem origem grega e outros, egípcia.

Têmpera - Genericamente, têmpera é todo meio pelo  qual se obtém uma superfície fosca. A técnica básica é antiquíssima e já era usada por egípcios, gregos e romanos. Os pigmentos são misturados a uma emulsão e fixados com um agente como clara de ovo ou caseína. Quando se acrescenta boa quantidade de óleo, o resultado é a têmpera-óleo, insolúvel em água. A têmpera não permite o impasto (efeito em que a pintura sobressai sobre o fundo), mas as cores obtidas, sólidas e secas, jamais racham ou amarelecem.

Óleo - O mais difundido método de pintura de cavalete a partir do século XV, a pintura a óleo, foi inventado em Veneza por Antonello da Messina, que eliminou, da têmpera, o uso da água e do agente emulsionante. Óleos secos de linhaça, de amêndoas, papoulas e outros são diluídos pela adição de veículos especiais e misturados aos pigmentos. Oferece diversas vantagens sobre a têmpera: não se altera com a secagem e seca lentamente, o que permite modificações, faculta efeitos de claro-escuro e possibilita o impasto. Ainda é a técnica preferida pelos pintores ocidentais. Alguns dos antigos mestres, no entanto, exploraram a chamada técnica mista, que se acha na transição entre a têmpera e o óleo, como em Van Eyck, Dürer e Grünewald.

Aquarela - Os egípcios já conheciam a aquarela no século II da era cristã. Mais singela de todas as técnicas do ponto de vista material, é executada com cola e gesso, de preferência sobre suporte de papel ou pergaminho. Exige grande habilidade, uma vez que não permite arrependimentos. Teve seu apogeu na obra do pintor Albrecht Dürer.

Guache - De certo modo, toda pintura de cavalete anterior ao século XV pode ser considerada guache. O nome deriva do italiano guazzo (aguada) e designa um tipo de pintura em que as cores são diluídas em água, misturadas com goma e reduzidas a pó, característica que a distingue da aquarela.

História, estilos e artistas

#Pré-históriaPré-história - As mais antigas representações pictóricas que se conhecem remontam ao período Paleolítico (30000-10000 a.C.): são as pinturas ditas rupestres (isto é, gravadas na rocha), executadas nas paredes de cavernas e abrigos, com finalidades mágicas e rituais. Os temas preferidos eram figuras de animais em tamanho grande -- bisões, cervos, cavalos etc. Pintadas em tons naturais de ocre, vermelho e negro, as figuras aparecem isoladas, sem formar cenas. Os melhores exemplos são encontrados nas cavernas francesas de Trois-Frères e Lascaux, e em Altamira, na Espanha.

As pinturas paleolíticas levantinas, localizadas em abrigos naturais do levante espanhol, são posteriores: figuras humanas estilizadas, de pequeno tamanho, formavam cenas da vida cotidiana, especialmente de caça e dança.

Civilizações pré-clássicas - Por meio de papiros e do legado no interior das pirâmides, a humanidade pôde conhecer fragmentos da pintura egípcia, uma das mais ricas da antiguidade. No Egito, a pintura era uma arte mágica: acreditava-se que, se uma pessoa fosse representada num retrato, este passaria a ter vida própria, realidade em si mesmo. Os registros, horizontais, representavam cenas protagonizadas pelo faraó e acontecimentos da vida cotidiana.

Esse trabalho era marcado por uma série de convenções quanto à perspectiva (dorso e olhos representados de frente, cabeça e pés de perfil) e às cores (mulheres jovens e bonitas em amarelo pálido, homens ricos e poderosos em castanho, e assim por diante). As melhores pinturas egípcias decoravam as câmaras mortuárias das classes superiores, em cores inigualáveis, que recriam variados episódios. A pintura cretense, em muitos aspectos semelhante à egípcia, alcançou o apogeu no ano 1600 a.C. Em cores vivas e traços fortes, foi muito utilizada na decoração de palácios, como o de Cnossos.

Grécia, Roma e Bizâncio - O ideal da pintura grega era a reprodução fiel da natureza, naquilo que possuía de mais belo e harmônico. Embora os afrescos e as pinturas de cavalete não tenham resistido ao rigor do tempo, os textos e lendas citam alguns pintores gregos famosos, como Apeles e Zêuxis, cujas obras teriam sido copiadas em mosaicos romanos e vasos de cerâmica. Os melhores exemplos da pintura grega antiga, porém, se acham na cerâmica de figuras negras sobre fundo vermelho (final do século IV e início do século V a.C) e na de figuras vermelhas sobre fundo negro, de meados do século V a.C.

A pintura romana, que se desenvolveu sob a égide do realismo e do naturalismo, teve seu ponto culminante nos afrescos de Pompeia e Herculano, onde os historiadores identificam quatro estilos: (1) o de incrustação, que imitava a decoração sobre mármore; (2) o arquitetônico, que criava a ilusão de estruturas arquitetônicas; (3) o ornamental, com guirlandas e enfeites; e (4) um quarto estilo, que mistura arquitetura falsa, paisagens imaginárias e cenas mitológicas. A influência do cristianismo pôs fim a esse período de profundo realismo e fez nascer uma arte de cunho mais simbólico. Enquanto isso, o mosaico passava a merecer a preferência dos artistas e alcançou grande importância em Bizâncio e Ravena.
Pintura medieval - A arte paleocristã deixou, nos muros das catacumbas, extensa iconografia cristã, baseada em animais (pombo, cordeiro), figuras humanas (o bom pastor, o suplicante), passagens dos Evangelhos e símbolos, como o monograma formado pelas letras gregas alfa e ômega, que representava "o Cristo como princípio e fim". Após o Edito de Milão (313), essa iconografia impregnou os mosaicos e miniaturas. Na mesma temática, a pintura bizantina competia com a riqueza do mosaico, sobretudo nas miniaturas sobre madeira, típicas do leste europeu, com figuras estilizadas do Cristo e da Virgem.

Um dos maiores pintores de ícones foi Andrei Rublev, autor do célebre ícone da Trindade. Essa arte medieval influenciou a pintura românica, em geral em afrescos e com intenção didática. As cenas religiosas decoravam os muros das igrejas para educar os fiéis iletrados. Era uma pintura esquemática e simbólica, de cores planas e perfis bem marcados. A iluminura, praticada especialmente pelos monges, atingiu nível elevadíssimo a partir do século VII na Irlanda, França, Inglaterra e Alemanha, enquanto o afresco se desenvolveu particularmente na Itália, durante o século XIII.

Como a arquitetura gótica limitasse o espaço da pintura, a arte voltou-se para as expressões mais compatíveis com a época, como a técnica dos vitrais, a miniatura e a iluminura, que caracterizaram o chamado estilo franco-gótico dos séculos XIII e XIV. Com suas cores vivas e o domínio da linha, essas artes abriram caminho ao estilo italiano, criado no fim do século XIII por Cimabue e outros.

Renascimento - No final do século XIII, os artistas italianos passaram a inspirar-se nos ideais da antiguidade clássica, tendência que motivou a eclosão do Renascimento. Giotto, Masaccio, fra Angelico, Lippi e Botticelli são alguns dos pintores que abriram caminho para o Renascimento italiano.

A partir dos ensinamentos de Giotto, os pintores italianos do Quattrocento iniciaram uma renovação cujo berço foi Florença. Em busca de representação mais verossímil da realidade, os artistas empenharam-se na conquista da luz e do espaço, e no domínio da figura humana. Entre os precursores dessa busca estiveram Piero della Francesca e Masaccio. Uma segunda geração florentina, encabeçada por Sandro Botticelli, firmou um estilo mais elegante e detalhista. No Portugal dessa época, o políptico de são Vicente, obra-prima de Nuno Gonçalves, lembra o rigor e a precisão de seus contemporâneos flamengos.

Foi principalmente no século seguinte, todavia, que as descobertas do século XV floresceram. No Cinquecento, o centro cultural mais importante foi Roma, dominada por figuras como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael. Na transição para o século XVI, uma série de artistas venezianos, como Antonello da Messina e Giovanni Bellini, que conheciam a técnica do óleo, perseveraram no estudo da luz, da cor e da paisagem, de modo que assentaram as bases da escola veneziana. Esta, no século XVI, deu mestres como Tiziano, Tintoretto e Veronese.

Após o máximo esplendor do classicismo no Cinquecento, sobreveio uma época de crise, em que muitos artistas rejeitaram a harmonia e a idealização naturalista dos mestres renascentistas e assumiram uma atitude de busca obsessiva do estilo (em italiano, maniera) e da técnica. Alguns desses pintores, chamados maneiristas, imprimiram a suas obras uma intensa artificialidade, a que não faltava porém, o refinamento. Seus melhores representantes foram Rosso Fiorentino e Jacopo da Pontormo, que passaram a exercer forte influência na pintura de seu tempo, inclusive em Michelangelo. Ao final do século XVI, o maneirismo evoluiu para um estilo eclético que desembocou no barroco.

Pintura flamenga - A partir do século XV, no norte da Europa, surgiu uma geração de artistas conhecidos como os "primitivos flamengos". Dentre os pintores religiosos dessa escola figuram alguns dos maiores criadores de formas da história da pintura, como Jan van Eyck, Rogier van der Weyden, Hugo van der Goes, Hans Memling e Gerard David. Enquanto isso, Hieronymus Bosch pintava visões fantásticas que antecipavam até o surrealismo do século XX.

Pieter Brueghel, que começou imitando-o, tornou-se o maior expoente do Renascimento flamengo, enquanto Rubens se fazia o maior mestre do barroco e Van Dyck, ao emigrar para a Inglaterra, distinguiu a corte inglesa das primeiras décadas do século XVII com muitos dos melhores retratos de todos os tempos.

Renascentismo e barroco na Europa - Dentre os grandes holandeses que se sucederam aos  renascentistas, figuram Jacob van Ruisdael, Jan Josefoz van Goyen, Frans Hals e Jan Steen, de orientação e virtudes semelhantes às dos mestres flamengos. Todos esses, porém, seriam suplantados pela genialidade de Vermeer e, sobretudo, de Rembrandt, mestre do claro-escuro e da profunda reflexão. Dentre os alemães, sobressaem Albrecht Dürer, Mathias Grünewald, Hans Holbein e Albrecht Altdorfer, tido como o primeiro paisagista puro da Europa.

Desde o século XV também a Espanha contou com notáveis escolas de pintura, em que sobressaíram Pedro Berruguete, Bartolomé Bermejo e Luis de Morales. Os mais destacados, no entanto, seriam Murillo, El Greco, de origem cretense e formação maneirista, Velázquez, que sintetizava o espírito nacional, e Goya, último dos mestres antigos e primeiro entre os modernos, que atingiu o apogeu em sua chamada "série negra".

Alguns dos melhores pintores barrocos franceses foram Jean Fouquet (século XV), Georges de la Tour, os irmãos Le Nain e os Clouet. O classicismo alcançou o auge na obra de Nicolas Poussin e Claude Gelée, dito Claude Lorroin, grandes mestres da paisagem e evocadores de uma antiguidade revalorizada.

Barroco italiano - Mais uma vez, a Itália reagiu ante a estética vigente e deu origem a novo movimento pictórico. Em oposição ao maneirismo, artistas como Caravaggio aprofundaram um estilo mais naturalista, que reencontrava a luz e a representação da realidade. Em vez do equilíbrio e domínio da linha, que caracterizavam o estilo renascentista, os realistas preferiam as cenas movimentadas e violentas. A cor adquiriu importância vital, e a técnica preferida foi o óleo. Os temas dominantes eram de caráter religioso, especialmente após o triunfo da Contra-Reforma.

Além do estilo "tenebroso" de Caravaggio, que exerceu forte influência sobre outros artistas, também surgiu na Itália outra linha mais elaborada, com paisagens serenas e composições equilibradas. Seus maiores representantes foram Lodovico Carracci, fundador da Academia de Bolonha, e seu irmão Annibale, que decorou a abóbada do palácio Farnese. O final do barroco italiano foi marcado pela decoração suntuosa de abóbadas e tetos, cujos mestres foram Pietro da Cortona e o padre Andreas Pozzo.

Pintura no Século XVIII e XIX - Durante o século XVIII, a França tomou o lugar da Itália como centro cultural.  A elegância e a sensualidade invadiram a pintura, expressas nas obras de Antoine Watteau e François Boucher. Gêneros como o retrato e as naturezas-mortas começaram a ganhar maior popularidade. Na Itália, Giambattista Tiepolo decorava abóbadas em estilo suntuoso, ao mesmo tempo que proliferavam as vedute, vistas urbanas pintadas com minúcias por artistas como Canaletto e Francesco Guardi. Na Inglaterra, William Hogarth satirizava impiedosamente a sociedade de sua época, enquanto Gainsborough cultivava o retrato aristocrático.

O início do século XIX assistiu ao declínio da estética neoclássica e ao triunfo do romantismo, que pregava o sentimentalismo, o amor à natureza e a liberdade. Seus representantes mais genuínos foram Théodore Géricault e Eugène Delacroix, de inspiração histórica e literária, com clara preferência pela cor em relação ao traço. O romantismo britânico teve no paisagista e animalista William Turner um antecipador do impressionismo, e em William Blake um extravagante também muito adiante de seu tempo. Na Alemanha, estimava-se sobretudo o paisagismo romântico de Caspar David Friedrich.

A reação contra o romantismo e a influência da técnica fotográfica levaram a pintura ao máximo do realismo, num movimento que se concentrou na paisagem, como na obra de Corot e na crítica social, como em Gustave Courbet, Jean-François Millet e Honoré Daumier. Nessa tendência triunfou também a pintura ainda mais voltada para fatos e episódios históricos, que exaltava as glórias nacionais.

O realismo, no entanto, foi superado pelo impressionismo. Surgido na França no final do século XIX, o estilo pretendia captar o momentâneo e o fugaz, com a valorização da luz e a pintura de motivos ao ar livre. Seus representantes mais característicos, Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Édouard Manet, Edgar Degas e Berthe Morisot, contaram com o apoio de Cézanne, cuja obra, uma das mais influentes de seu tempo, já antecipou o fauvismo e o cubismo. Dois artistas de gênio, Van Gogh e Gauguin, que libertaram a cor e a forma de sua realidade objetiva, iniciaram os caminhos do fauvismo e dos expressionistas.
#Pintura no Século XX

Pintura no Século XX - Entre 1900 e 1920, o fauvismo (do francês fauve, animal selvagem, fera) fez-se, em tudo, uma apoteose da luz, sobretudo com Matisse, Maurice de Vlaminck, André Dérain e Raoul Dufy. Nessa época, a escultura africana exerceu grande fascínio sobre muitos artistas europeus. Sua influência, às vezes, foi decisiva, e imprimiu à pintura de alguns uma reação antiimpressionista de revalorização do volume, como na obra do retratista Modigliani. Não foi menos importante a descoberta da pintura naïf (ingênua) ou primitiva, cujo representante mais imaginoso foi Henri Rousseau.

O expressionismo, para o qual a obra deve incorporar toda a subjetividade do artista, contou com precursores em Toulouse-Lautrec, James Ensor e Georges Rouault, mas sistematizou-se na Alemanha com o norueguês Edvard Munch, Ernst Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff, Emil Nolde e particularmente o austríaco Oscar Kokoschka. Outro expressionista admirável, Chaim Soutine, viveu no sul da França. O movimento foi dos que mais se expandiram em toda parte, inclusive na América.
Sob o signo da inovação, da ruptura e da vanguarda, a pintura do século XX reuniu ainda muitos outros movimentos e estilos. O cubismo, defendido e praticado a partir de 1908 por Pablo Picasso e Georges Braque, passou a decompor as imagens e recompô-las em nova organização, geométrica. Picasso levou essa mudança às últimas consequências e realizou uma obra revolucionária, em todos os aspectos. Acabou, sobretudo com sua contribuição, a vigência de toda a teoria herdada da pintura espacial renascentista.

Surgiram quase na mesma época o futurismo italiano de Carlo Carrà e Umberto Boccioni, o construtivismo russo (1913) dos irmãos Naum Gabo e Antoine Pevsner, o muralismo erótico de Gustav Klimt, o dadaísmo de Hans Arp e Marcel Duchamp, que prenunciava outros movimentos contemporâneos, e sobretudo o surrealismo, em que a pintura se voltou para as imagens e intenções do inconsciente, com personalidades e rumos tão distintos como Salvador Dalí, Max Ernst, Joan Miró, Marc Chagall, René Magritte, Paul Klee - mais tarde mestre da arte abstrata - e Giorgio de Chirico, este também ligado à "pintura metafísica", a que igualmente se vinculou a arte sutil das naturezas-mortas de Giorgio Morandi.

A essa altura, os pintores já começavam o processo que os dividiu entre o figurativismo (em cujas obras se mantêm figuras ou modelos da realidade exterior) e o abstracionismo (em que a subjetividade do artista se expressa sem nenhuma referência às formas do mundo externo). Na chamada arte concreta, posterior, a subjetividade dá lugar a construções objetivas, em geral geometrizantes, como no rigoroso trabalho do holandês Piet Mondrian, de enorme influência.

Entre os iniciadores do abstracionismo estão o russo Vassili Kandinski, que estudou na Alemanha e trabalhou tanto nesse país como na França; os franceses Francis Picabia, Robert e Sonia Delaunay, e o tcheco Frank Kupka. A tendência disseminou-se pelo mundo e tornou-se uma das mais duradouras do século, com desdobramentos que variaram até quanto aos materiais empregados. Estes adquiriram sentido crítico e demolidor na obra de Jean Dubuffet.

Foram também importantes, para os rumos da pintura no final do século XX, os movimentos pop art, surgidos nos Estados Unidos na década de 1960, que combinavam elementos dos quadrinhos e da publicidade, motivos do folclore urbano americano e toda sorte de iconografia de massa, com expoentes como Roy Lichtenstein, Claes Oledenburg, Andy Wharol e Robert Rauschenberg; e de op art, baseado na ilusão de óptica e na manipulação precisa de formas e cores. Entre seus nomes mais representativos estão Victor Vasarely, Bridget Louise Riley, Richard Anuskiewicz, Larry Poons e Jeffrey Steele.

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