Guerras Napoleônicas

Guerras Napoleônicas


Guerras Napoleônicas é o nome dado aos conflitos armados que tiveram lugar entre 1792 e 1815, período durante o qual a França enfrentou diversas alianças de outras potências europeias, o que resultou na hegemonia francesa sobre a maior parte da Europa. O motivo original das campanhas francesas após a revolução de 1789 era defender e difundir os ideais revolucionários mas, com a ascensão de Napoleão Bonaparte, o objetivo passou a ser a expansão da influência e do território francês.

Poderosos exércitos se enfrentaram na Europa desde que a revolução francesa mobilizou contra a França a primeira coalizão de países vizinhos. As guerras napoleônicas decidiram alianças políticas, formas de governo e fronteiras até a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte em Waterloo.

Guerras Napoleônicas

Primeira guerra de coalizão (1792-1797)

Em 1791, com a Declaração de Pillnitz, Áustria e Prússia conclamaram as demais monarquias europeias a reinstaurar o trono na França revolucionária, que depusera o rei Luís XVI. A república francesa respondeu, em abril de 1792, com a declaração de guerra à Áustria. Em 20 de setembro de 1792, forças francesas rechaçaram as forças prussiano-austríacas em Valmy e, em novembro, ocuparam parte da Bélgica. No início de 1793, Áustria, Prússia, Espanha, Países Baixos (Holanda) e Grã-Bretanha formaram a primeira das sete coalizões que a França enfrentaria nos 23 anos seguintes.

Em resposta à ameaça da primeira coalizão, o governo revolucionário pôs todos os franceses à disposição do Exército. Dessa maneira, reuniram-se as mais numerosas tropas jamais vistas: a Europa, que conhecera exércitos de no máximo setenta mil homens nas batalhas do século XVIII, viu Napoleão comandar até 500.000 homens. Em abril de 1796 venceu o exército piemontês em Mondovi e, ao fim de dois meses, tinha expulsado as forças austríacas do norte da Itália.

A campanha italiana, que começara sem muitas pretensões, converteu-se, graças à destreza de Napoleão, em séria ameaça para o império austríaco. Em abril de 1797 os franceses cruzaram os Alpes e ameaçaram invadir Viena. No mesmo ano, em 17 de outubro, França e Áustria assinaram o tratado de paz de Campoformio, pelo qual a França adquiriu os atuais territórios da Bélgica e de Luxemburgo, e a Lombardia, transformada em República Cisalpina. A atuação de Napoleão despertou a admiração de toda a Europa e permitiu a manutenção e a ampliação territorial da França do Diretório.

Campanha do Egito (1798-1799)

Por considerar a Grã-Bretanha como principal inimiga da França revolucionária, Napoleão resolveu aniquilar o poderio britânico na área do Mediterrâneo. Desembarcou em julho de 1798 em Alexandria e ocupou o Egito. Entretanto, a derrota de sua esquadra pelo almirante britânico Nelson na batalha do Nilo, em 1º de agosto, deixou as tropas francesas sem apoio naval. Assim, depois de tentar, sem êxito, tomar a Síria, Napoleão retirou-se para a França, mas manteve seu exército no Egito até 1801.

Segunda guerra de coalizão (1799-1802)

Enquanto Napoleão se encontrava no Egito, outras tropas francesas haviam ocupado novos territórios e estabelecido regimes republicanos em Roma, na Suíça e no Piemonte italiano. Para reagir a esse estado de coisas, formou-se nova coalizão que reunia a Grã-Bretanha, a Rússia, o império otomano, a Áustria, Nápoles e Portugal. Entretanto, os primeiros sucessos dos aliados foram revertidos por desentendimentos entre as potências e, quando Napoleão tornou-se primeiro-cônsul da França, em 1799, já se extinguira o perigo de uma intervenção estrangeira contra a revolução francesa.

Napoleão retomou o comando do Exército na Itália, invadiu a Lombardia e derrotou o Exército austríaco em Marengo em 14 de junho de 1800. Em dezembro, o general Moreau aniquilou os últimos focos de resistência austríaca em Hohenlinden (Alemanha). Em fevereiro de 1801 a França firmou o Tratado de Paz de Lunéville com a Áustria, e em 27 de março de 1802, o de Amiens com a Grã-Bretanha.

Terceira guerra de coalizão (1805)

Após um breve período de estabilidade, de novo se coligaram as principais potências européias contra a França, que se tornara um império desde 1804. Um grande exército napoleônico se preparou para cruzar o canal da Mancha e invadir a Grã-Bretanha. A derrota da batalha naval de Trafalgar, em 21 de outubro de 1805, e o avanço das forças austríacas na Baviera levaram Napoleão a mudar seus planos. Duzentos mil homens cruzaram o Reno e venceram os austríacos em Ulm. Napoleão prosseguiu até tomar Viena. Áustria e Rússia se rearmaram, mas foram derrotadas em 2 de dezembro de 1805 em Austerlitz. A Áustria se viu forçada a assinar o Tratado de Pressburg, em que renunciava a vários territórios.


Quarta guerra de coalizão (1806-1807)

A Prússia e a Rússia exigiram em ultimato que a França retirasse suas tropas da margem oriental do Reno, o que provocou uma nova guerra. Em 14 de outubro de 1806, Napoleão derrotou o exército prussiano na batalha de Jena e, em fevereiro de 1807, conseguiu conter os russos em Eylau. Em 7 de julho do mesmo ano, o Tratado de Tilsit entre Napoleão e o czar Alexandre I confirmou o domínio francês sobre a Europa e forçou o império russo a apoiar o bloqueio continental contra o Reino Unido, que o imperador decretara no ano anterior. A invasão de Portugal, que não aderira ao bloqueio, obrigou D. João VI a transferir-se para o Brasil com a família real e toda a corte portuguesa.

Guerra de independência da Espanha (1808-1813)

Na tentativa de isolar o Reino Unido, Napoleão tratou de incorporar a Espanha e Portugal a seus domínios. A insurreição popular espanhola iniciada em maio de 1808 chegou a expulsar o exército francês em várias localidades, o que obrigou Napoleão a deslocar-se pessoalmente para a Espanha. Entre novembro de 1808 e janeiro de 1809, os franceses recuperaram o controle sobre a maior parte do território. A nova rebelião austríaca, porém, levou o imperador a voltar-se para a Europa central, enquanto seu exército na península ibérica enfrentava uma guerra de guerrilhas que se estendeu até 1813. O exemplo espanhol animou os nacionalistas de outros países da Europa em sua luta contra a dominação francesa.

Campanha da Áustria (1809)

Napoleão marchou sobre terras austríacas para aniquilar a sublevação, mas foi derrotado na batalha de Aspern, em maio de 1809, pelas tropas do arquiduque Carlos. Em 6 de julho, apoiado pelos russos, o exército francês venceu a batalha de Wagram. Com a nova derrota, a Áustria assinou, em 14 de outubro, o Tratado de Schönbrunn e iniciou-se uma etapa de colaboração entre os dois países, corroborada pelo casamento de Napoleão com a princesa austríaca Maria Luísa.


Campanha da Rússia (1812-1813)

As manobras de Napoleão na Polônia, que contrariavam os interesses russos e necessidades econômicas, levaram o czar a suspender o bloqueio continental e romper o Tratado de Tilsit. Napoleão reuniu um exército de aproximadamente meio milhão de homens e empreendeu a invasão da Rússia em junho de 1812. As tropas do czar adotaram a tática de "terra arrasada". Evitaram o confronto direto com os invasores e destruíram povoados e colheitas ante o avanço francês.

Com a batalha de Borodino, em 7 de setembro de 1812, Napoleão tomou Moscou, que estava em chamas e semidestruída, mas o czar negou-se a assinar a rendição. Com a chegada do inverno, Napoleão comandou a retirada para Smolensk. Devido à falta de víveres, ao rigor do frio e ao cerco dos russos, a retirada foi desastrosa. Quando chegaram à Prússia e à Polônia, as monumentais forças francesas reduzidas a poucos milhares de soldados.


Rebelião da Europa (1813-1814)

Napoleão voltou à França para organizar um exército de reforço. Conscientes da debilidade em que se encontrava o imperador, a Prússia e, mais tarde, a Áustria se sublevaram contra sua hegemonia e foram seguidos pelos demais estados alemães. O novo exército napoleônico obteve ainda a vitória em Dresden (agosto de 1813), mas foi derrotado em Leipzig (16 a 19 de outubro), na batalha das nações.

Enquanto isso, em outra frente, as tropas anglo-espanholas comandadas pelo duque de Wellington empreenderam uma ofensiva contra os franceses na península ibérica. Napoleão ordenou a seus soldados que batessem em retirada para a França, mas não conseguiu conter as invasões. Em 30 de março de 1814, as tropas de coalizão entraram em Paris e, em 6 de abril, o imperador francês foi obrigado a abdicar.


Campanha dos cem dias (1815)

Exilado na ilha italiana de Elba, Napoleão conseguiu fugir e, em 1º de março de 1815, ao desembarcar em Cannes, despertou enorme entusiasmo popular, que cresceu à medida que se aproximava de Paris em marcha triunfal. De novo à frente do estado francês, organizou um exército de 120.000 homens com o qual avançou sobre a Bélgica e derrotou as tropas germânicas em Ligny.

A chegada das tropas britânicas de Wellington mudou a situação. Em 18 de junho de 1815, a batalha de Waterloo destruiu definitivamente o poder napoleônico. Novamente Paris foi invadida e teve fim o segundo reinado de Napoleão, que durou apenas cem dias. Napoleão Bonaparte foi desterrado na ilha de Santa Helena, onde viveu seus últimos seis anos. Logo após sua abdicação, em 22 de junho, restaurou-se a monarquia dos Bourbons e Luís XVIII assumiu o poder.

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